terça-feira, 27 de março de 2007

NO ÔNIBUS


Apenas o fato de um ônibus ser coletivo já seria motivo suficiente para encurtar o assunto pela metade, afinal de contas você é obrigado a lidar com todo tipo de gente e todo tipo de situação, ainda mais numa metrópole como São Paulo.
Entretanto, o fato que se passou com este humilde escriba deu-se não num desses ônibus de linha que trafegam pelos bairros da cidade, mas sim num ônibus comum de viagens interestaduais, pois como todo bom brasileiro, deixei para comprar passagem na última hora e não havia mais ônibus leito disponível. E assim, munido de coragem e boa vontade, mais minha mochila surrada, lá fui eu visitar um amigo nos confins de Minas Gerais.
E devo confessar a você, querido leitor do BISQUI, que sou um cara extremamente chato em se tratando de viagens, pois detesto conversar com outros passageiros durante o trajeto, simplesmente pelo fato de que quanto mais pessoas conheço, menos gosto delas. Acho o ser humano chato, de um modo geral, começando por mim! Assim, quando sou obrigado a fazer uma viagem desse tipo, já entro de diskman na mão, procuro meu assento (geralmente na janela, pra não ter que olhar pro lado) e me faço de morto, pra que não venham me encher o saco com assuntos fúteis e que não levam ninguém a lugar nenhum!
Nesse dia sentou-se ao meu lado um senhor aparentando uns 60 anos, se tanto. Cumprimentou-me cordialmente, acomodou sua bagagem de mão no bagageiro, sentou-se e começou a ler um livro, “Pai Pobre Pai Rico”. Achei ótimo, pois assim ninguém encheria ninguém. E assim foi durante umas duas horas de estrada, até ocorrer a primeira parada do ônibus, para que os passageiros pudessem dar a tradicional mijadinha e comer um salgado frio e sem gosto. E estava lá eu, parado na área de embarque, esperando a chamada para voltarmos ao ônibus, quando este senhor parou ao meu lado e iniciou uma conversa. Lá vamos nós, pensei...

HOMEM
- Indo para onde, amigo?

EU
- Belo Horizonte. E o senhor?

HOMEM
- Ah, eu vou ficar um pouco antes. Desço em Divinópolis.

EU
- Puxa, legal. Vai a negócios?

HOMEM
- Também, mas vou aproveitar para visitar uns parentes.

EU
- Entendo. O senhor trabalha com quê?

HOMEM
- Hummmm... Eu classificaria o que faço como sendo do ramo da construção! E você?

EU
- Eu escrevo besteiras num blog chamado BISQUI. O senhor conhece?

HOMEM
- Desculpe. Nunca ouvi falar. Mas também eu tenho pouco tempo pra usar a Internet, sabe?

EU
- É. Essa correria não é fácil. Mas dê uma olhada numa hora qualquer! Opa! Estão anunciando nosso ônibus. Acho que é melhor entrarmos.

HOMEM
- Ah, com certeza, vamos indo! A propósito, qual o seu nome?

EU
- Facundo. Muito prazer! E o senhor, como se chama?

HOMEM
- Bom, meu caro Facundo... As pessoas me chamam por vários nomes. Até eu me confundo às vezes!

EU
- Caraca! O nome do senhor é tipo como o do Dom Pedro I?

HOMEM
- Hehehe! Não é bem assim! É que em cada localidade as pessoas me chamam de uma forma. Uns me conhecem como Deus, outros como Ogum. Chamam-me também de Alá, de Jeová, até de Tupã! É tanto nome que eu fico meio perdido, às vezes!

EU
- Ah, Você ta de brincadeira comigo! Fala sério!

DEUS
- Mas Eu estou falando sério, meu jovem!

EU
- Putz! Não to acreditando! Sério mesmo que é o Senhor que ta aqui do meu lado?

DEUS
- Pode acreditar, sou Eu mesmo!

EU
- Mas se então é o Senhor que está aqui ao meu lado, cadê o Diabo?

DEUS
- Sou eu também!

EU
- Como é que é o negócio!?

DEUS-DIABIO
- Veja... Os homens precisavam jogar a culpa pelos seus erros em alguém, certo? Daí esse negócio do Diabo! Inventaram a figura do Tinhoso, do Cramulhão, do Esquerdo, do Seu Eurípides, para culparem as pragas, as molésticas, as brigas, as desavenças, os furtos, as mortes, as bebedeiras... Eu dei o livre-arbítrio. Assim, cada um faz o que quer! Que culpa tenho Eu se fulano ou cicrano faz merda?

EU
- Sei... É tudo meio confuso pra mim, ainda, sabe? Mas porra... ops, desculpe... mas puxa, por que é então que o Senhor ta viajando de ônibus se é Deus?

DEUS-DIABO
- Livre-arbítrio!

EU
- Huummmm! Bom, já que o Senhor ta aqui, posso Lhe fazer uma pergunta?

DEUS-DIABO
- Tava demorando... ninguém resiste a uma perguntinha! Mas como você me parece um cara legal, pode perguntar o que quiser! Mas só uma pergunta, hein!

EU
- Poxa, brigadão Deus! Eu só queria saber porque o Brasil perdeu a Copa do Mundo de 82! Não é possível um time como aquele, que tinha Zico, Sócrates, Júnior Capacete, Falcão, Éder e mais uma porrada de gente boa, perder um torneio daquele, ainda mais pra uma Itália que até então não tinha feito nada! Só pode ter sido obra do Senhor!

DEUS-DIABO
- Olha, Facundo... Que culpa tenho Eu se o Paolo Rossi tava inspirado naquele dia? Paciência!

E lá se foi o ônibus rumo a Divinópolis...

segunda-feira, 26 de março de 2007

FANIquito




O BISQUI fará todo o esforço possível para não dedicar aqui mais espaço ao Big Brother Brasil. Porém, cumprindo seu papel sócio-cultural e pluripartidarista, não poderíamos deixar passar em branco o fato que segue abaixo:
A ex-BBB Fani, recentemente eliminada da tal “casa mais vigiada do Brasil”, foi homenageada em Nova Iguaçú – sua cidade natal - pelo Prefeito Lindberg Farias, por proferir durante o programa o bordão “Uhuu, Nova Iguaçú”, fato este que, segundo o nobre político, “elevou o moral dos cidadãos iguaçuanos”.
Para que não se lembra, Lindberg Farias tornou-se, aos 20 anos, líder do movimento popular conhecido como caras-pintadas, que levou milhares de estudantes em protesto às ruas e resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.
O sucesso do movimento e o carisma pessoal demonstrado pelo então presidente da UNE o alçaram, dois anos depois, à condição de deputado federal pelo Rio de Janeiro, um dos mais votados na eleição de 1994. Em 2002, Lindberg se elege novamente deputado federal, e em 2004, disputa a prefeitura de Nova Iguaçu, vencendo com 57% dos votos.
Segundo o site da prefeitura de Nova Iguaçú (http://www.novaiguacu.rj.gov.br), o discurso que levou Lindberg a essa vitória falava em renovação de lideranças, mudança das práticas políticas locais e da construção de um governo voltado para o social e para os bairros abandonados pelo Poder Público.
Já Fani, que é formada em Direito, mas até então trabalhava como promotora de marketing em um salão de beleza (!?), e que sonha ser apresentadora de um programa sobre o tema BBB na TV, recentemente cometeu sua maior loucura, que era pular de pára-quedas com uma roupa sensual. Ou nenhuma roupa. “Vi em uma filmagem e fiquei com vontade de fazer igual”, explicou. E em tempo: já fechou contrato com a Playboy!


É... no país onde nasci e tenho vivido esse tempo todo, eu e você, nós fomos enganados!

quinta-feira, 15 de março de 2007

TIPOS DE CAPITALISMO



CAPITALISMO IDEAL:
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. Eles se multiplicam, e a economia cresce.
Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!

CAPITALISMO AMERICANO:
Você tem duas vacas.
Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas.
Fica surpreso quando ela morre.

CAPITALISMO FRANCÊS:
Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.

CAPITALISMO CANADENSE:
Você tem duas vacas.
Usa o modelo do capitalismo americano.
As vacas morrem.
Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.

CAPITALISMO JAPONÊS:
Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.

CAPITALISMO ITALIANO:
Você tem duas vacas.
Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!

CAPITALISMO ENRON:
Você tem duas vacas.
Vende três para a sua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado.
Depois faz uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas.
Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono.
Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua companhia.
O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção para mais uma.
Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos Estados Unidos e fica com nove vacas.
Ninguém fornece balanço das operações e público compra o seu esterco.

CAPITALISMO BRITÂNICO:
Você tem duas vacas. As duas são loucas.

CAPITALISMO HOLANDÊS:
Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.

CAPITALISMO ALEMÃO:
Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

CAPITALISMO RUSSO:
Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas.
Você para de contar e abre outra garrafa de vodca.

CAPITALISMO SUIÇO:
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua.
Você cobra para guardar a vaca dos outros.

CAPITALISMO ESPANHOL:
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO PORTUGUÊS:
Você tem duas vacas.
E reclama porque seu rebanho não cresce...

CAPITALISMO CHINÊS:
Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas.
Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade.
E prende o ativista que divulgou os números.

CAPITALISMO HINDU:
Você tem duas vacas.
E ai de quem tocar nelas.

CAPITALISMO ARGENTINO:
Você tem duas vacas.
Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês.
As vacas morrem.
Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.

CAPITALISMO BRASILEIRO:
Você tem duas vacas.
Uma delas é roubada.
O governo cria a CCPV- Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca.
Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais.A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presumia que você tivesse 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo...

quarta-feira, 14 de março de 2007

BBB: Big Brother Bial?


Ainda não entrou na minha cabeça como pode um jornalista consagrado como Pedro Bial, sujeitar-se a apresentar um programa tão idiota como o Big Brother!
O cara já foi correspondente da Rede Globo em Londres, rodou a Europa toda, cobriu conflitos, esteve até presente quando da queda do Muro de Berlim, e agora se presta à indigna tarefa de apresentar um programa tosco como o BBB.

Meu voto vai para o Pedro Bial... Paredão já!

CONSTATAÇÃO




no país do futebol
eu nasci perna-de-pau
no país do samba e do carnaval
eu sou mais rock’n roll
no país dos cristãos, evangélicos, macumbeiros
eu não tenho religião
no país das falcatruas, da impunidade
não roubo nem doce de criança
no país do nepotismo
não tenho parentes importantes
no país das belas mulatas
minha branquela me deixou
no país das palmeiras onde cantam os sabiás
eu moro e sobrevivo na cidade poluída
no país da fácil ascensão e fama de ilustres desconhecidos
quase ninguém me conhece
no país do funcionalismo público com salários milionários
tenho um emprego de merda com um salário de merda
no país da saúde pública sucateada
eu não tenho convênio médico nem seguro
no país dos conchavos, das negociatas e maracutaias
não consigo nem desconto na barraca de frutas da feira de domingo
no país de vasto litoral e praias paradisíacas
não tenho dinheiro para um final de semana com os pés na areia e uma cerveja gelada
no país da pinga, da caipirinha
meu organismo não tolera destilados
no país dito pacífico, sem vocação militar
só vejo mortes, violência, seqüestros, humilhações
no país dos desvios de verbas públicas
poucos ganham muito, alguns ganham algo e muitos nada ganham
no país onde poucos ganham muito, alguns ganham algo e muitos nada ganham
pedem pós-graduação, língua estrangeira e condução própria para se conseguir um emprego
no país da maior floresta tropical e do maior rio do mundo
mal conheço a cidade onde vivo
no país onde nasci e tenho vivido esse tempo todo
eu e você
nós fomos enganados

SIMPLESMENTE BISQUI


Olá, amiguinhos e amiguinhas!
O BISQUI nasceu nos idos de 1991, quando dois amigos (um comprador de ilhós para sapatos, e outro, carregador de malotes) resolveram usar toda a sorte de textos rabiscados e idéias malucas oriundos do ócio das aulas de Estatística, para criar uma “revista” como trabalho de conclusão de Redação Publicitária, a exemplo do que já fora feito anteriormente com a polêmica e vanguardista Tombos & Hematomas.
A tal revista fez relativo sucesso entre os alunos da classe, e – pasmem – até o professor gostou, apesar do 8,5 de nota final, que se deveu ao péssimo serviço de digitação terceirizado, que comeu letras e distorceu a gramática ao seu bel-prazer, irritando assim não apenas a nós mesmos, mas também ao nosso nobre docente.
Posteriormente, decidimos transformar a BISQUI em um fanzine, mas dessa vez utilizando a máxima do “faça você mesmo”, ou como preferem alguns coorporativistas, o “do it yourself”, evitando assim distorções e contra-tempos indesejados na produção. Mas infelizmente os planos econômicos do governo atrapalharam deveras a confecção de tal periódico, e tivemos que encerrar a produção antes mesmo do lançamento do seu segundo número.
Entretanto, os tempos agora são outros. As facilidades são outras. A Era Digital veio para ficar, e com ela um mundo todo de informações (ou desinformações) abre-se perante nossos olhos, bastando-se para isso um clicar de botões, tudo no conforto da sua casa ou na malemolência do seu trabalho, debaixo do ventilador, sujando o teclado com raspas de salgadinhos e respingos de refrigerante na tela do PC... Êitcha porra!!!
Enfim, esta é a breve história da BISQUI. Como diriam os Racionais MC’s, “você está entrando no mundo da informação, auto-conhecimento, denúncia e diversão” (não necessariamente assim, nem nessa ordem!).

Seja bem-vindo!